sexta-feira, 6 de junho de 2014

Volta a França 2014: perfis e antevisão de todas as etapas

Antevisões de provas no Carro Vassoura já houve muitas, mas faltava alguma coisa. De algum tempo a esta parte, são disponibilizados na página do Facebook os perfis das etapas do dia e o link para assistir a transmissão pela internet (excelente trabalho do Vítor Lopes), mas faltava algo. Porque nem todas as pessoas estão à vontade com o francês ou o inglês para navegar no site oficial das provas, faltava uma apresentação mais detalhada de cada etapa, para que os leitores possam, na nossa língua, saber o que ainda está pela frente e quando.
Então, pela primeira vez no Carro Vassoura, perfis, descrição, antevisão e curiosidades de cada uma das etapas do Tour de France 2014.

Sábado, 5 de julho: 1ª etapa - Leeds (Inglaterra) - Harrogate (Inglaterra), 190,5 quilómetros

De 1967 até 2007, a Volta a França iniciou-se com um contrarrelógio individual. Nem sempre foi um prólogo porque em várias ocasiões foi mais longo do que isso, mas foram 41 edições consecutivas a iniciar-se desta forma, formando uma tradição da Grand Boucle. A tradição foi quebrada em 2008, quando a Bretanha recebeu o arranque do Tour com uma etapa em linha e em 2011 e 2013 a iniciou-se novamente desta forma. A região de Yorkshire acolherá a Grande Partida da próxima edição com 190,5 quilómetros entre Leeds e Harrogate, num percurso sem grandes dificuldades que colocará os sprinters a lutarem pela camisola amarela.

Perfil dos candidatos: não tem muito que enganar. O perfil indica uma etapa para sprinters e as suas equipas não quererão deixar passar a oportunidade de conquistarem uma vitória que trás a camisola amarela como bónus. O nervosismo habitual da primeira semana será a maior dificuldade a enfrentar pelo pelotão.

Sobre a região: é a primeira vez que o Tour visita Leeds e Harrogate, não havendo história do Tour nestas cidades. Mark Cavendish sim, tem história no Tour e em Harrogate, cidade natal da sua mãe. Esta vitória (e vestir a amarela) é o principal objetivo da sua temporada.



Domingo, 6 de julho: 2ª etapa - York (Inglaterra) - Sheffield (Inglaterra), 201 km
Esta é uma semana que poderá protagonizar algumas mudanças de camisola amarela e a primeira poderá ser logo no segundo dia. São nove contagens de montanha e, apesar da sua baixa dificuldade no geral, a última está apenas a cinco quilómetros do final. São 800 metros de extensão a mais de 10% de inclinação média e certamente alguns ciclistas mais polivalentes quererão colocar em dificuldades os sprinters puros.

Perfil dos candidatos: não é uma etapa para trepadores, mas também não deverá ser uma etapa para sprinters. Ciclistas mais completos deverão apostar nesta etapa e, sim, tem a cara de Peter Sagan. Ou Simon Gerrans, que venceu uma etapa de dificuldade semelhante em 2013.

Sobre a região: a cidade de Sheffield tem o clube de futebol mais antigo do mundo, o Sheffield FC, fundando em 1857, conforme reconhece a FIFA.



Segunda-feira, 7 de julho: 3ª etapa - Cambridge (Inglaterra) - Londres (Inglaterra), 155 km
A última etapa em solo britânico parte de Cambridge, local da mais prestigiada universidade da Europa, mas não é necessário grande estudo para prognosticar uma chegada ao sprint em frente ao Palácio de Buckingham.

Perfil dos candidatos: um novo dia para sprinters. A primeira semana deste Tour, como é regra geral, tem várias oportunidades para eles.

Sobre a região: de agosto a março acontece apenas a cada dois dias, mas de abril a final de julho a troca de guardas no Palácio de Buckingham ocorre diariamente e junta vários milhares de pessoas para assistir. No dia 7 de julho poderão ficar mais umas horas para presenciar o final da terceira etapa do Tour. No mesmo local, Alexander Vinokourov sagrou-se campeão olímpico em 2012.



Terça-feira, 8 de julho: 4ª etapa - Le Touquet-Paris Page - Lille (163,5 km)

Os ciclistas entram em França com uma jornada típica de primeira semana de Tour. Sem grandes dificuldades mas com duas contagens de montanha para ciclistas e equipas mais modestas lutarem pela camisola dos pontos vermelhos antes da uma previsível chegada em pelotão compacto.

Perfil dos candidatos: pois, sem necessidade de grandes explicações, é (mais) uma etapa para os homens mais rápidos do pelotão internacional.

Sobre a região: Lille é a quinta área urbana mais populosa de França mas muito mais densa que as outras grandes áreas. É a capital da região de Nord-Pas-de-Calais, a mais a Norte de França, e um nome que talvez os adeptos do ciclismo conheçam devido à sua publicidade no Velódrome de Roubaix. Roubaix fica na periferia de Lille. Da mesma região é a equipa continental Roubaix-Lille Métropole, como de resto se percebe facilmente pelo nome.



Quarta-feira, 9 de julho: 5ª etapa - Ypres (Bélgica) - Arenberg-Porte du Hainaut (155,5 km)

Uma das etapas mais aguardadas pelos adeptos, mais aguardas por alguns ciclistas, mas temida por outros. A razão: os seus nove troços de pavé.
O primeiro setor estará a 68 quilómetros da meta e será parte do Carrefour de l’Arbre, um dos três de cinco estrelas do Paris-Roubaix. O último será a 6,5 quilómetros da meta.

Perfil dos candidatos: muitos especialistas de pavés vão ao Tour focados neste dia. Alguns têm colegas com ambições na classificação geral que terão que ser protegidos, mas outras equipas apostam muito aqui. Fabian Cancellara, Sep Vanmarcke ou Tom Boonen poderão lutar pela vitória que lhes fugiu em Roubaix no mês de abril.

Sobre a região: Arenberg tem um dos sectores de pavé mais conhecidos do mundo, se não mesmo o mais mediático, a Floresta de Arenberg. Não fará parte do percurso desta etapa. Ficarão à porta.



Quinta-feira, 10 de julho: 6ª etapa - Arras - Reims (194 km)


Esperemos que o pavé do dia anterior não tenha feito vítimas e que seja um pelotão sem mazelas à partida de Arras. O perfil antevê um final ao sprint, mas algumas equipas poderão tentar partir o pelotão se o vento se fizer sentir.

Perfil dos candidatos: sprinters. Sobretudo sprinters atentos à possibilidade de abanicos.

Sobre a região: Reims fica na região de Champagne-Ardenne. Exatamente, a região de onde é originário o Champanhe. Em 2010 recebeu uma chegada do Tour vencida por Alessandro Petacchi, a sua última no Tour e fundamental para a camisola verde. Fabian Cancellara era o camisola amarela e, quatro ano depois, poderá voltar a liderar o Tour em Reims, dependendo da sua prestação sobre os pavés.


Sexta-feira, 11 de julho: 7ª etapa - Epernay - Nancy (234,5 km)
Uma das etapas mais longas, com mais de duas centenas de quilómetros sem dificuldades e no final um terreno acidentando. Duas contagens de quarta categoria em que certamente haverá quem tente desenvencilhar-se da companhia dos sprinters puros. A última das subidas tem 1300 metros a 7,9% de inclinação média, o que, conjugada com a longa distância já percorrida, poderá fazer mossa nos ciclistas que pior sobem.

Perfil dos candidatos: um homem rápido que consiga ultrapassar aquela última colina após 230 quilómetros sobre a bicicleta.

Sobre a região: Nancy tem sido palco habitual de partidas e chegadas ao longo da história do Tour. Fausto Coppi venceu lá em 1949 e 52 e Bernard Hinault em 1978, vencendo depois a classificação geral. Nancy também recebeu a Grande Partida do Tour em 1962 e 66, sendo em ambas as ocasiões o vencedor da etapa inaugural o alemão Rudi Altig.



Sábado, 12 de julho: 8ª etapa - Tomblaine - Gérardmer (161 km)
Os Vosges servem de antecâmara para os Alpes e os Pirenéus. São três contagens de montanha nos últimos trinta quilómetros, finalizando com uma parede de 1800m a 10,3% de inclinação média, características semelhantes ao Muur d'Huy que todos os anos acolhe o final da Flèche Wallone. As subidas anteriores deverão fazer uma primeira seleção, diminuindo o trânsito para a ascensão fina.

Perfil dos candidatos: não é o tipo de subida preferido para Froome, Contador ou Nibali, mas sim para Valverde ou Kwiatkowski, homens das Ardenas que preferem subidas mais explosivas.

Sobre a região: em 2005, uma série de ataques de Vinokourov e Valverde deixaram Lance Armstrong sem companheiros de equipa a vinte quilómetros de Gérardmer, onde terminaria a oitava etapa. Armstrong escolheu responder apenas a quem considerava mais perigoso e deixou sair Andreas Klöden, para manter os seus companheiros Vinokourov e Ullrich mais calmos no grupo, perdendo apenas 27 segundos para Klöden e Pieter Weening, que venceria essa etapa.



Domingo, 13 de julho: 9ª etapa - Gérarmder - Mulhouse (170 km)
Etapa de média montanha, com alguns ciclistas a recuperarem de desilusões do dia anterior, outros (e as suas equipas) a pouparem forças para o dia seguinte. É demasiado dura para os sprinters mas com as dificuldades demasiado afastadas da meta para serem atacadas pelos homens da geral.

Perfil dos candidatos: vários ciclistas terão esta etapa marcada para entrar na fuga do dia e daí poderá sair o vencedor.

Sobre a região: muitas vezes a Volta a França passou por Mulhouse e lá venceram grandes ciclistas como Armstrong, Fignon, Hinault, Freddy Maertens, Eddy Merckx ou... Joaquim Agostinho. Foi na quinta etapa de 1969, na sua estreia no Tour, terminando em oitavo e com duas vitórias, pois voltaria a vencer a décima quarta.
No ano seguinte, um episódio muito caricato teria lugar em Mulhouse. Agostinho e o seu colega Mogens Frey distanciaram-se do pelotão mas a certa altura o dinamarquês deixou de colaborar com Agostinho. O diretor desportivo Jean de Gribaldy mandava-lhe que trabalhasse, Agostinho pedia mas Frey dizia que não tinha força. No final, com o pelotão muito próximo, Frey tentou ultrapassar Agostinho, que lhe agarrou o guiador e o meteu para trás, sendo o primeiro na meta. Mas os comissários acabariam por penalizar Agostinho, ficando com o segundo lugar. E com a caricata história para contar.



Segunda-feira, 14 de julho: 10ª etapa - Mulhouse - La Plache des Belles Filles (161,5 km)
Primeira chegada em alto, a primeira superior aos mil metros de altitude e numa contagem de primeira categoria, que chega no Dia da Bastilha (feriado nacional francês) e faz com que o dia de descanso seja na terça-feira em vez de, como habitual, na segunda-feira.
São sete contagens de montanha ao longo do dia para finalizar com a primeira luta entre os candidatos à vitória neste Tour.

Perfil dos candidatos: os franceses fazem reserva mas o dia é para trepadores, homens que lutarão pela classificação geral e quererão começar aqui a vincar a sua posição.

Sobre a região: foi a primeira chegada de montanha em 2012, quando Bradley Wiggins assumiu a liderança da prova para não mais a largar. Mas, talvez mais importante, foi a primeira vitória de Chris Froome numa grande volta e quando se começou a mostrar como o melhor trepador do mundo, um reinado colocado em causa neste Tour.

Terça-feira, 15 de julho: dia de descanso



Quarta-feira, 16 de julho: 11ª etapa - Besaçon - Oyonnax (187,5 km)
Dia de descanso é também dia de reflexão. Cabe a cada equipa e cada ciclista pensar sobre o que já fez e sobre o que ainda pode fazer, agora que metade das etapas estão cumpridas. Para muitos apenas restará lutar por uma etapa e para muitos desses as chegadas em alto que restam e o contrarrelógio estão fora de hipóteses, pelo que estas duas etapas a caminho dos Alpes serão muito importantes para tentar surpreender o pelotão.
A luta pela classificação por pontos também poderá ter aqui uma batalha importante. Sprinters mais versáteis como Peter Sagan tentarão aproveitar o rompe-pernas final para ganhar pontos sobre os sprinters puros. Os homens que lutam pelos primeiros lugares da geral terão que estar atentos.

Perfil dos candidatos: mais uma etapa de média montanha, para homens mais completos como Sagan, Kwiatkowskiou Valverde. Ou fugitivos.

Sobre a região: Os ciclistas cumprirão o dia de descanso em Besançon, considerado um local de excelência para viver. Lá nasceu Jean de Gribaldy, histórico diretor desportivo de Joaquim Agostinho, responsável pela internacionalização da carreira do português.



Quinta-feira, 17 de julho: 12ª etapa - Bourg-en-Bresse - Saint-Etienne (185,5 km)
Uma etapa que no papel é mais fácil que a anterior e também se deverá desenrolar nesse sentido, com as equipas dos candidatos ao pódio a pouparem-se com o pensamento nos Alpes. As últimas duas subidas são de baixa pendente e não será de estranhar que o pelotão chegue algo numeroso a Saint-Etienne.

Perfil dos candidatos: um pouco mais acessível que a anterior, poderá ir para fugitivos ou homens mais rápidos.

Sobre a região: Foi em Saint-Étienne que faleceu Andrei Kivilev, vítima de uma queda no Paris-Nice 2003. Depois desse acidente a UCI obrigou ao uso de capacetes, algo que já anteriormente tinha tentado mas enfrentando protesto dos ciclistas. Depois do falecimento de Kivilev, os capacetes tornaram-se obrigatórios, exceto em finais em alto. Atualmente, são obrigatórios em todas as circunstâncias de corrida, apesar de alguns ciclistas continuarem a treinar sem. 



Sexta-feira, 18 de julho: 13ª etapa - Saint-Etienne - Chamrousse (197,5 km)
Os ciclistas entram finalmente no Alpes e com aquela que será uma das montanhas mais duras desta Volta a França. Depois de quase 180 km de prova percorridos com uma subida de primeira categoria pelo meio, os ciclistas terão a dura ascensão à estação de ski de Chamrousse, mergulhada nos Alpes. Uma subida que tem estado afastada do Tour há mais de dez anos mas uma montanha que não deixa dúvidas quanto à sua categoria especial. São 18,2 km de extensão com uma pendente média de 7,3%.

Perfil dos candidatos: A partir daqui cabe aos trepadores fazer valer as suas armas.

Sobre a região: Em 2001 disputou-se uma crono-escalada em Chamrousse, vencida por Lance Armstrong. Muito antes disso, em 1968, a estação de ski recebeu alguns dos eventos dos Jogos Olímpicos de Inverno desse ano, com sede em Grenoble.



Sábado, 19 de julho: 14ª etapa - Grenoble - Risoul (177 km)
Dia em que será entregue o Souvenir Henri Desgrange, prémio de 5000€ para o primeiro ciclista a ultrapassar o ponto mais alto de cada edição do Tour, este ano no Col d'Izoard (2360m de altitude). A subida para o Col d'Izoard tem algumas rampas mais acessíveis no seu início mas os últimos sete quilómetros não baixam dos 7,5%.
Esta será a terceira chegada em alto deste Tour, em Risoul, pela primeira vez na prova maior.

Perfil dos candidatos: Idem aspas (face à anterior).

Sobre a região: Foi numa chegada a Risoul que Nairo Quintana assumiu a liderança da Volta a França do Futuro 2010. E no dia seguinte (o último), numa crono-escalada na mesma montanha, sentenciou a corrida.



Domingo, 20 de julho: 15ª etapa - Tallard - Nîmes (222 km)
Etapa de transição entre montanhas, dos Alpes para os Pirenéus, uma das mais acessíveis da prova mas que encontra os ciclistas já muito desgastados pelo esforço de duas semanas e sobretudo devido ao esforço dos dois dias anteriores.

Perfil dos candidatos: Depois de vários dias de média e alta-montanha, as equipas dos sprinters quererão voltar às vitórias.

Sobre a região: Nîmes é terra de ciclismo. Esteve presente na terceira Volta a França, em 1905, e nos últimos anos recebe uma etapa Étoile de Bessèges, primeira prova por etapas francesa de cada temporada, disputada no começo de fevereiro.
Em 1950, Custódio dos Reis venceu uma etapa com partida de Nîmes. Dos Reis foi português até aos 8 anos de idade, altura em que lhe foi atribuída nacionalidade francesa. Por isso não aparece nas estatísticas das etapas do Tour vencidas por portugueses.

Segunda-feira, 21 de julho: dia de descanso



Terça-feira, 22 de julho: 16ª etapa - Carcassonne - Bagnères-de-Luchon (237,5 km)
A etapa mais longa marca a entrada do Tour nos Pirenéus. Os primeiros 200 quilómetros são relativamente tranquilos e deverá ser com pelotão muito numeroso que se iniciará a ascensão ao Port de Balès. Não é coincidente com a meta, mas com rampas superior a 10%, poderá ser palco de ataques por parte dos candidatos à vitória final.

Perfil dos candidatos: O início da descida é técnico e podemos esperar um ataque de descedores como Vincenzo Nibali, mas a fuga do dia também poderá assumir um papel de grande destaque.

Sobre a região: Foi no Port de Balès que a corrente de Andy Schleck saltou e Alberto Contador atacou para a camisola amarela em 2010.



Quarta-feira, 23 julho: 17ª etapa - Saint-Gaudens - Pla d'Adet (124,5 km)
Com a lógica exceção do contrarrelógio, é a etapa mais curta deste Tour, com apenas 124 quilómetros, mas isso não impede que seja dura. Com três contagens de primeira categoria antes da subida a Pla d'Adet, com trepadores a ver as oportunidades a escassearem, pode ser uma etapa muito intensa.

Perfil dos candidatos: trepadores agressivos, que já não podem lutar pelo lugar que ambicionariam na classificação geral ou que precisam de ganhar tempo antes do contrarrelógio.

Sobre a região: Pla d'Adet recebeu uma chegada do Tour em 2005, com um grande grupo de fugitivos formado logo nos primeiros quilómetros. Oscar Pereiro descarregou quase todos os adversários, ficando apenas George Hincapie, que seguia o tempo todo na roda de Pereiro. Já perto do final, Hincapie tentou chegar a acordo com o espanhol para comprar a etapa e Pereiro, que entendeu mal, aceitou, pensando que estava ele a comprar a vitória na etapa. A 300 metros da meta Pereiro acelerou, sabendo que era cedo mas tranquilo porque pensava que Hincapie o deixaria vencer. No entanto, Hincapie acelerou para a vitória e deixou o seu sócio sem capacidades de resposta. No dia seguinte seria a vez de Pereiro vencer. A história da compra da etapa apenas seria revelada por Pereiro já muito recentemente.



Quinta-feira, 24 julho: 18ª etapa - Pau - Hautacam (145,5 km)
Qual é a etapa rainha de uma prova? A mais dura ou aquela que termina num ponto mais mediático? As respostas dividem-se, mas para quem escolhe a segunda definição, esta será muito provavelmente a etapa rainha deste Tour, com passagem no mítico Tourmalet e chegada no Hautacam, ambas de especial categoria. Ambas de uma dureza inquestionável.

Perfil dos candidatos: os melhores trepadores em prova procurarão aqui uma vitória emblemática na sua carreira.

Sobre a região: em fevereiro de 2001, Javier Otxoa lutava pela vida num quarto de hospital, depois de um acidente de carro que tinha levado o seu irmão gémeo Ricardo. Os médicos disseram não haver qualquer probabilidade de Javier acordar do coma, mas o seu irmão mais velho pediu que quantificassem isso. Disseram-lhe que as probabilidades eram uma num milhão. "Isso chega. É essa a probabilidade de alguém vencer uma etapa no Tour e o meu irmão conseguiu".
E
m 2000 Lance Armstrong deu no Hautacam uma das suas maiores exibições, ganhando quase três minutos e meio a Jan Ullrich, que seria segundo classificado no final. Mas nesse dia Armstrong não conseguiu chegar ao mais resistente dos fugitivos, Javier Otxoa.



Sexta-feira, 25 julho: 19ª etapa - Maubourguet Val d'Adour - Bergerac (208,5 km)
É a última oportunidade para uma fuga vingar e a oportunidade ideal para isso, agora que os favoritos saem dos Pirenéus desgastados e querem recuperar o máximo de energias com vista o contrarrelógio do dia seguinte. Os sprinters certamente gostariam de disputar a vitórias mas também nas suas equipas o cansaço se fará sentir.

Perfil dos candidatos: não será fácil estar na fuga do dia, uma vez que muitos ciclistas lá quererão estar e muitas equipas quererão estar representadas. No entanto, depois de formada a fuga do dia, deverá ser entre esses homens a discussão.

Sobre a região: cada cidade e região tem o seu motivo de interesse. Umas são visitadas pelo calor e as praias, outras pelo frio e a neve, outras pela história, pelo património cultural ou pelo património natural. Bergerac tem como principal atração os seus vinhos. Depois desta etapa, alguns ciclistas já poderão aproveitar a visita, mas não aqueles que ainda têm algo a disputar.



Sábado, 26 julho: 20ª etapa - Bergerac - Périgueux (contrarrelógio, 54 km)
O perfil é algo enganador (devido à escala), uma vez que as várias subidas que se podem ver não passam dos chamados falsos-planos, que não são suficientes para ajudar os trepadores puros a lutar contra os especialidades.
O que sim ajudará os trepadores é o facto deste contrarrelógio apenas chegar no último dia. Assim sendo, a capacidade de recuperação ao longo das três semanas também será um fator determinante, pois a história diz-nos que os voltistas, mesmo os que não são contrarrelogistas, se defendem melhor quanto mais tarde se disputar o contrarrelógio.


Perfil dos candidatos: o top-10 desta etapa será um misto de contrarrelogistas puros que se pouparam ao longo dos dias anteriores e de voltistas que andam muito bem no contrarrelógio e lutam pela geral. É difícil dizer qual dos dois perfis de corredores levará a melhor, mas o maior interesse será a lutar pelos primeiros lugares da classificação geral.

Sobre a região: A ligação entre Bergerac e Périgueux (ainda que por outro percurso e sentido inverso) foi palco de um capítulo marcante da história que Miguel Indurain construiu no Tour. Num contrarrelógio de 64 quilómetros, Miguelón ganhou dois minutos a Tony Rominger, segundo classificado, e mais de quatro minutos a todos os outros. Nesse dia, de 1994, Indurain dobrou o então campeão mundial de fundo: Lance Armstrong.



Domingo, 27 julho: 21ª etapa - Evry - Paris (137,5 km)
Etapa para consagração, num cenário que dispensa apresentações. A última batalha para os sprinters mas sobretudo uma festa para todos os que completarem o Tour de France 2014.

Perfil dos candidatos: 99% das chances são para sprinters. A vitória de Alexander Vinokourov em 2005 mostra que não há certezas mas é uma tendência muito difícil de contrariar.

Sobre a região: muito se poderia dizer sobre Paris, a sua história, a sua cultura, o seu desporto. Mas para os adeptos do ciclismo, Paris é festa e todas as históricas ficam pequenas perante a consagração dos grandes campeões.

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No ano passado foi a série de dois artigos Como estão estruturadas as grandes equipas (parte I e parte II). Este ano já foi a série de três artigos 10 anos depois de Marco Pantani (parte I, parte II e parte III). Agora vem aí outra.

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