sábado, 4 de janeiro de 2014

15 jovens a seguir em 2014

Bob Jungels, esperança da Trek e do ciclismo luxemburguês
Outra temporada que se inicia e com ela a habitual tentativa de prever quais os jovens do World Tour que se revelarão ao mundo. Muitas são os que mostraram grande potencial enquanto juniores, sub-23 e nos primeiros anos de elites, mas nem todos eles chegarão aos grandes sucessos. Alguns confirmarão esse potencial antes das expetativas, outros confirmarão mais tarde e há ainda outros que nunca chegarão ao nível que se esperava deles.

(Nesta lista apenas fazem parte ciclistas de equipas World Tour sub-26, ou seja, nascidos depois de 01/01/1989)

Bob Jungels (22/09/1992, Trek)
Bob Jungels começou a dar nas vistas em 2009, com a medalha de prata nos Europeus de contrarrelógio de juniores. Pouco depois Andy Schleck seria 2º na Volta a França, venceria a camisola branca pela segunda vez consecutiva, Frank Schleck venceria uma etapa no Tour e seria 5º na geral. Os adeptos luxemburgueses tinham motivos para estar muito satisfeitos com os irmãos Schleck e esperar que Jungels continuasse a dar alegrias.
Entretanto Frank Schleck foi suspenso, Andy Schleck teve várias quedas, tornou-se uma sombra do que era e ninguém sabe o que ainda poderá esperar dos irmãos. Com apenas 21 anos, Jungels continua a ser uma esperança. Em 2010 foi campeão do mundo de contrarrelógio júnior e nos dois anos seguintes voltou a ganhar a prata nos Europeus da especialidade, agora em sub-23.
Em 2012 correu na Leopard Continental de Fábio Silvestre e venceu o Paris-Roubaix sub-23. Excelente contrarrelogista, poderoso a rolar, extraordinariamente combativo, adapta-se muito bem aos pavés, é rápido e, apesar de não ser trepador, passa bem as colinas e a média montanha. Porém, é aí que quer focar a sua evolução para ser competitivo nas provas por etapas. Com um motor incrível, todas as portas estão abertas para ser um ciclista marcante da sua geração.

Coquard com a sua medalha de prata nos Mundiais de estrada sub-23 de 2012
Bryan Coquard (25/04/1992, Europcar)
Foi elogiado aqui no começo da temporada. Em 2012 foi vice-campeão mundial sub-23 de fundo e vice-campeão olímpico de Omnium. Começou 2013 na Estrela de Bessèges e venceu duas etapas. Seguiu para a Malásia e venceu mais duas etapas. No total foram 6 vitórias na sua época de estreia na Europcar.
Agora a Europcar passará a World Tour e Coquard poderá disputar as melhores provas do mundo. Talvez lhe falte na equipa um sprinter mais velho que lhe possa passar a sua experiência, mas por outro lado tem garantido que será ele a aposta para as chegadas em pelotão
No ano que agora terminou também conseguiu o título europeu sub-23 de Madison na Anadia, onde conquistou quatro pratas nos dois últimos anos.

Davide Villella (27/06/1991, Cannondale)
Sem capacidade para contratar ciclistas já afirmados, a Cannondale volta a apostar em jovens e Davide Villella é um dos novos membros da equipa, depois de lá ter estagiado desde agosto. Antes disso já tinha vencido duas etapas e a classificação geral do Giro della Valle d'Aosta, uma das mais duras provas para ciclistas sub-23. Venceu também o Piccolo Giro di Lombardia (versão da prova para jovens).
É trepador e ainda não está preparado para andar com os melhores do mundo nas principais provas, mas não será de estranhar se, aqui e acolá, der nas vistas já em 2014.

Fabio Felline (29/03/1990, Trek)

Depois de dois anos na Footon/Geox e outros tantos na Androni, finalmente chega ao World Tour uma das maiores promessas do ciclismo italiano.
Nestes quatro anos conta com oito vitórias, destacando-se duas etapas e a geral do Circuito Lorraine 2010 (à frente de Rolland) e o Memorial Marco Pantani 2012 (à frente de Viviani e Visconti). Por duas vezes já foi segundo em etapas do Giro, falhando por pouco aquela que seria a sua maior vitória até ao momento.
É um homem rápido que pode vencer sprints menos disputados, mas o que se espera de si é que seja um grande classicomano, fazendo valer a sua completitude. Veremos o que faz nas Ardenas e, claro, no Giro. Não na luta pela geral, mas na luta pela vitória em algumas etapas acidentadas.

Giacomo Nizzolo (30/01/1989, Trek)

Mais um italiano da Trek mas de características e percurso diferente. Desde 2011 que Giacomo Nizzolo está no World Tour, primeiro na Leopard, depois na Radioshack quando as duas equipas se fundiram e segue-se a Trek.
Em 2012 foram duas vitórias, incluindo uma etapa no Eneco Tour, e no ano passado foram somente duas (na Volta ao Luxemburgo) mas foi por apenas uma roda que Cavendish lhe "roubou" uma etapa no Giro e por poucos centímetros que Pozzato lhe "roubou" a vitória no GP Ouest France-Plouay.
Já é um grande sprinter, mas falta saber se conseguirá evoluir ao ponto de ser um dos melhores do mundo e este ano será muito importante para esclarecer essa questão.

Jhoan Esteban Chaves (17/01/1990, Orica-GreenEdge)

Em fevereiro caiu, fraturou a clavícula, vários ossos na cara e esteve inconsciente durante um dia. Não parecia tão grave quanto isso e esperava-se apenas um ou dois meses de inatividade, mas a recuperação estava estancada e no final de maio voltou a ser operado para reparar danos nos nervos que lhe prejudicavam a mobilidade do braço direito. Assim deu por encerrada a temporada sem voltar a competir.
Praticamente não competiu em 2013 e não há certezas se recuperará a mobilidade do braço a 100%. Então porque está nesta lista? Pelo mesmo motivo que a Orica se empenhou tanto em contrata-lo: porque até à queda teve um percurso impressionante e porque há quem acredite nos jovens valores.
Em 2011 venceu a Volta a França do Futuro, sucedendo ao seu compatriota Nairo Quintana. Chamou à atenção de todo o mundo mas continuou na Team Colombia. Correndo mais na Europa, em 2012 venceu a etapa rainha da Volta a Burgos e foi 3º na geral, apenas superado por Daniel Moreno e Sergio Heano. Venceu o GP Città di Camaiore e foi sexto nos Mundiais da categoria. Poderia ter dado o salto para o World Tour, mas não quis. "É melhor ser cabeça de rato do que cauda de leão", disse.
Em 2013 queria brilhar pela Team Colombia, fazer um grande Giro e então saltar para a cabeça do leão. A maldita queda não permitiu que 2013 fosse como pretendido, mas saltou para um leão chamado Orica. Não um dos mais dominantes, mas um em que poderá crescer. O objetivo é ir recuperando ao longo da temporada e estar na melhor forma na Vuelta.

Johan Le Bon (03/10/1990, FDJ)

Em 2008 foi campeão europeu e mundial de juniores. Notável! Desde aí Johan Le Bon colecionou vitórias em algumas das provas que servem de referência para os jovens valores, até que em 2013 trocou a Bretagne-Schuller pela FDJ. É sobretudo um contrarrelogista, mas depois de Pinot, Demaré e Bouhanni poderá estar aqui mais um craque para o conjunto francês.

Elissonde no Alto do Angliru

Kenny Elissonde (22/07/1991, FDJ)

E aqui outro FDJ, este mais conhecido. O pequeno francês que venceu no Alto do Angliru.
Os ciclistas franceses estão a regressar ao topo. Não há um que pareça capaz de vencer a Volta a França, mas há cada vez mais gauleses a dar nas vistas nas melhores provas. Há cinco anos (2008) apenas havia sete franceses entre os 100 melhores do CQRanking e um entre os 50 melhores. Em 2013 houve quinze entre os 100 melhores e quatro entre os 50 melhores. Em 2008 o mais jovem francês entre o top-100 tinha 26 anos. Em 2013 houve sete jovens franceses (sub-26) no top-100. As perspetivas são animadoras.

Elissonde sempre foi um jovem prometedor, mas 2013 foi um ano em que deixou melhores indicações. 13º no Tour Down Under, 6º na etapa rainha da Volta a Omã (atrás de Purito, Froome, Evans, Contador e Nibali) e vencedor no Angliru. No ano anterior já tinha conquistado uma vitória, também fruto da sua comabtividade.

Mohoric, atual campeão mundial sub-23

Matej Mohoric (19/10/1994, Cannondale)

É o mais jovem desta lista, mas as expetativas para o seu futuro são realmente algo fora de normal. Foi campeão mundial junior em 2012 e agora campeão mundial sub-23, sendo o ciclista mais jovem de sempre a conseguir o título, na altura ainda com 18 anos. A estes títulos soma dois segundos lugares em etapas da Volta a França do Futuro.
Matej Mohoric é realmente muito jovem e não deverá ter sobre si grande pressão, mas também não deverá ser uma grande surpresa se o esloveno chegar ao World Tour com uma pujança semelhante à de Peter Sagan em 2010, que também confirmou o seu enorme potencial na primeira temporada ao serviço da Liquigas (que deu origem a esta Cannondale).

Nikias Arndt (18/11/1991, Argos)

Desde os tempos de cadete que Nikias Arndt coleciona títulos e medalhas de campeonatos nacionais e mundiais, na estrada e na pista.
De 2010 a 2012 correu numa equipa continental alemã dedicada à formação, colecionou muitos lugares de honra e algumas vitórias, destacando-se uma etapa na Volta a França do Futuro e a geral da Volta a Berlim (+2 etapas).
Em 2013 saltou para a Argos, onde os sprinters são as principais apostas, e venceu uma etapa na Corrida do Ártico. A sua especialidade é o sprint, mas também é muito bom em contrarrelógios planos, sobretudo nos mais curtos.
Se por um lado a companhia de Kittel e Degenkolb poderá fazer-lhes sombra, por outro lado a equipa que ajuda Kittel e Degenkolb a brilharem poderá acender os holofotes para Arndt noutras provas menos importantes.

Bardet ao ataque na Amstel Gold Race

Romain Bardet (09/11/1990, Ag2r)

Em 2013 foi o 16º desta lista, o último a ser excluído, mas Romain Bardet fez uma grande temporada confirmando o seu enorme potencial.
Trepador, com vários triunfos em provas de referência para jovens, venceu a etapa rainha do Tour de l'Avenir 2011. Este ano estreou-se na prova maior com um 15º lugar que deixa ainda melhor perspetivas para o futuro. Também venceu o Tour de l'Ain à frente de Luis León Sánchez e John Gadret e foi quinto na Volta a Pequim.
O Tour 2014 está nos planos de Betancur e Peraud deverá ter a mesma ambições mas a Ag2r é uma equipa em que todos costumam ter liberdade e Bardet deverá por isso ter a oportunidade de lutar pela melhor classificação possível. Até porque Peraud vai a caminho dos 37 anos, passaram três desde o seu top-10 no Tour e Bardet poderá ser o substituto que a Ag2r precisa.

Sergey Chernetskiy (09/04/1990, Katusha)

Ciclistas russos apenas têm uma forma de dar nas vistas: na estrada. Foi assim com Denis Menchov e com Vladimir Karpets quando este andava na elite e disputava a vitória em provas World Tour. Dão poucas entrevistas, passam ao lado da comunicação social, não estão nas redes sociais e pouco interagem com os fãs. Focam-se apenas no rendimento desportivo.
Portugal não é um país estranho para Sergey Chernetskiy. Pela seleção russa correu várias vezes no nosso país entre 2009 e 2011 e foi o melhor jovem do Troféu Joaquim Agostinho de 2011. Também foi aqui que conquistou o seu segundo título europeu de perseguição por equipas sub-23, no Velódromo da Anadia. Individualmente ficou-se pela prata.
Foi para a Itera-Katusha, a equipa de formação do maior projeto russo. Foi 2º no Giro della Valle d'Aosta (atrás de Fabio Aru), 2º no GP Città de Camaiore (atrás de Esteban Chaves), 4º na Volta a França do Futuro (vencida por Barguil) e 2º no Contrarrelógio das Nações (atrás de Rohan Dennis). Tem brilhado em provas vencidas por outras jovens promessas que já passaram por esta rubrica. De 2013 destaca-se o 4º lugar na Volta à Áustria, 7º em Burgos e a vitória na norueguesa Volta aos Fiordes.
O projeto da Katusha necessita de mais do que Joaquim Rodríguez. É preciso um líder russo. Será Chernetskiy capaz de suceder a Menchov como esperança russa para as grandes voltas?

Simon Yates vence etapa da Volta a França do Futuro seguido do irmão Adam

Simon Yates e Adam Yates (07/08/1992, Orica-Green Edge)

Não é possível falar de um sem falar do outro. Porque os gémeos Simon e Adam Yates têm ambos enorme qualidade mas têm percursos e características diferentes.
Simon e Adam Yates entrarão muito cedo no programa de jovens talentos da British Cycling (a federação britânica) mas apenas Simon conseguiu entrar na Academia Olímpica que prepara os jovens sub-23 para ganhar medalhas em Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos.
Enquanto Simon se focava na pista, o seu irmão Adam corria pela equipa francesa do CC Étupes. O nome não diz nada à maioria dos adeptos, mas de lá saíram Thibaut Pinot, Kenny Elissonde ou Warren Barguil. Simon conquistou dois títulos mundiais na pista, um em juniores e outro de elites (apesar de ainda ser sub-23). Adam dedicou-se a evoluir como trepador.
Simon Yates passa bem as subidas mais curtas mas não é um trepador. É um homem rápido e explosivo que chega onde os sprinters não chegam e é uma ameaça nas chegadas em colina. Venceu três etapas na Volta a França do Futuro (1 em 2011, 2 em 2013) e uma na Volta ao Reino Unido, onde foi 3º na geral. Já Adam é um jovem talhado para a montanha e foi 2º na última Volta a França do Futuro.
Adam Yates poderá ter um grande futuro na modalidade, mas é Simon quem parece mais preparado para começar a destacar-se já em 2014. Foram para a Orica para ter oportunidades de brilhar já este ano, o que na Sky parecia impossível.

Tom Dumoulin (11/11/1990, Argos)

Outro que conhece Portugal e já cá veio ganhar. Em 2010 Tom Dumoulin venceu o Grande Prémio das Nações, superando Nelson Oliveira.
É um excelente contrarrelogista que tenta defender-se nas colinas e média montanha para disputar provas por etapas, como o Eneco Tour deste ano em que foi segundo. Também ele está numa excelente equipa para evoluir, a Argos, onde terá muita liberdade para fazer as suas provas sem se sacrificar por outros. Tem tudo para ser um dos melhores contrarrelogistas do mundo, mas veremos até onde evoluir na montanha e que provas de uma semana poderá disputar.

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